O que muda na precificação de Debêntures?
A partir de 17/02/2025, a fonte de precificação de Debêntures mudará da Anbima para a B3. Essa mudança permitirá um tratamento mais completo de eventos financeiros, incluindo prêmios.
Principais alterações:
- O preço na curva será mantido até 31/12/2016.
- A partir de 01/01/2017, passará a ser considerado o preço de mercado.
- Na ausência de preço de mercado e ocorrência de eventos financeiros, será aplicado o MTM ajustado conforme o novo método.
A precificação seguirá a ordem de prioridade da B3:
- Extragrupo D0
- Intragrupo D0
- Extragrupo D1
- Intragrupo D1
Os negócios podem ser consultados no site da B3: boletim-diario-do-mercado - B3
Alteração na metodologia de cálculo de preços para ativos ilíquidos
Preço MTM vs. Preço MTM Ajustado
O preço MTM (Mark-to-Market) é uma metodologia utilizada para determinar o valor de mercado de um ativo financeiro em um momento específico. Ele reflete o preço pelo qual o ativo é negociado no mercado, incorporando fatores como taxas de juros, liquidez e percepção de risco. Esse valor representa o preço pelo qual os participantes do mercado estão dispostos a comprar ou vender o ativo.
Por outro lado, o MTM ajustado é uma abordagem utilizada para calcular um valor mais realista do ativo em situações em que não há negócios realizados ou não é possível obter um preço de mercado confiável. Esse cenário é comum em ativos de baixa liquidez e, nesses casos, cada instituição adota sua própria metodologia para estimar o valor. O objetivo deste documento é detalhar a metodologia que será adotada no Gorila para esses cálculos ajustados.
Por que precisamos mudar?
A mudança é necessária porque o método atual gera distorções no cálculo do preço MTM, especialmente em ativos de maior risco ou com eventos financeiros significativos. Essas distorções comprometem a análise e podem levar a decisões equivocadas.
Benefícios da mudança:
- Evitar preços negativos: O novo método corrige a inconsistência de preços negativos, garantindo que os valores reflitam adequadamente o comportamento do mercado.
- Alinhamento com a realidade de mercado: O cálculo passa a ser mais representativo das condições reais, permitindo análises mais precisas e fundamentadas.
Método Atual x Proposta
Ambas as metodologias são aplicadas apenas nos dias em que ocorre um evento corporativo e não há negócios realizados nesse dia.
Método atual
Atualmente, o cálculo do preço MTM segue os seguintes passos:
- Utiliza-se o último preço de mercado disponível.
- Descontam-se os eventos financeiros (como amortização e juros).
- Soma-se a variação diária do preço unitário atualizado pelo PUPar de D-1.
Em que:
- i = Data do último preço de mercado disponível.
Embora essa metodologia funcione em muitos casos, ela apresenta uma limitação importante: ignora a relação entre o preço de mercado e a curva do ativo. Quando o preço na curva supera o último preço de mercado, o ajuste pode levar a valores irreais, até mesmo negativos, comprometendo a qualidade da avaliação do ativo.
Por exemplo, se um ativo tem um preço teórico na curva de R$ 1.000 e é negociado no mercado a R$ 1.010, isso indica que os investidores estão dispostos a pagar um prêmio de 1% acima do valor calculado pela curva. Essa diferença, fundamental para uma precificação mais realista, é desconsiderada na metodologia atual. Como resultado, em vez de capturar esse fator dinamicamente, aplica-se um valor fixo de R$ 10 acima da curva, o que pode levar a distorções e desconexão com o comportamento real do mercado ao longo do tempo.
Metodologia Proposta
No novo método, o cálculo do preço MTM será ajustado da seguinte forma:
- Considerar a variação do PUPar (sem descontar os eventos financeiros).
- Multiplicar essa variação pelo último preço de mercado disponível.
Vantagens da nova metodologia:
- O preço ajustado nunca ficará negativo, pois o PUPar é sempre positivo.
- O MTM ajustado será uma proporção direta do preço na curva. Por exemplo, se o preço na curva for zero, o preço de mercado também será zero, mas nunca negativo.
- Reflete melhor o comportamento real do mercado, considerando o quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo risco associado ao ativo e mantendo esse percentual de forma dinâmica.
Diferença Entre as Metodologias ao Descontar os Eventos e Considerar o PUPar
No método atual:
- O preço na curva é atualizado com o valor da amortização, mas o impacto dos juros não é refletido no PUPar.
- Em certos momentos, o preço pode se tornar negativo devido ao desconto do prêmio, o que é inconsistente com a realidade do mercado.
Na metodologia proposta:
- O cálculo do MTM ajustado utiliza o PUPar como base, sem descontar diretamente os eventos financeiros.
- Isso significa que o MTM ajustado sempre ajustará o “prêmio” de forma dinâmica.
- Nos casos excepcionais de ativos com grande desvalorização, o MTM ajustado poderá se distanciar da curva, mas continuará positivo, pois o PUPar não pode ser negativo.
Exemplo de Aplicação
Ativo Ilíquido (sem preço de mercado frequente):
Tomemos como exemplo o ativo CRA017007KH. Ao longo de 1.933 dias úteis, ele teve preço de mercado disponível em apenas 93 dias, com pagamentos de juros mensais.
Método atual
No método atual, sempre que há pagamento de juros, mas não há um preço de mercado disponível, aplica-se a metodologia antiga. No entanto, essa abordagem gera distorções no Mark-to-Market (MTM), pois os descontos de eventos financeiros impactam diretamente o cálculo, levando a rentabilidades incorretas, preços negativos e desvios em relação à curva teórica de risco.
Como consequência, o preço desse ativo, seguindo a metodologia antiga, chegou a R$ -0,99011712 em 10/01/2025, um valor que não reflete adequadamente seu risco ou sua precificação justa.
Nova metodologia
No novo método, o ajuste respeita a proporção da curva e reflete o risco percebido, resultando em um preço ajustado de R$ 0,975654247.
IMPORTANTE:
Essa mudança impactará principalmente os ativos ilíquidos, pois a nova metodologia é aplicada quando há pagamento de juros ou amortização, mas não ocorre negociação no mercado. Já os ativos mais líquidos sofrerão um impacto menor, pois possuem preços de mercado mais frequentes.